
E cai uma pena ...
Que no ar vira, gira e dança como uma bailarina
para no chão pousar como pássaro que já foi.
Lucia Luz
Tanto desejo ... Tanto medo...
Tanto desejo de amar
Tanto medo do amor
Tanto desejo de união
Tanto medo da solidão
Tanto desejo de paz
Tanto medo de ser incapaz
Tanto desejo de felicidade
Tanto medo com o passar da idade
Tanta busca..
Tanta procura....
Muitos encontros.....
Muitos desencontros...
Lucia Luz
Outro dia escutei a briga de um casal vizinho pelo poder do controle remoto.
A distância pude perceber que eles brigavam muito mais pelo poder, por ter o controle e não pelo controle remoto em si. Me lembrei na hora desse brilhante texto do Luiz Fernando Veríssimo que compratilho com vocês.
Conselhos que mães dão para filhas antes do casamento fazem parte do folclore de todos os povos. Variam de cultura para cultura e mudam com o tempo, pois o que uma filha de antigamente ouvia da mãe, quando havia pelo menos uma presunção de virgindade, era muito diferente do que ouve hoje.
Como não há mais nada a ser ensinado sobre as surpresas e as artimanhas de uma noite de núpcias - a não ser o que a filha pode ensinar à mãe - os conselhos devem tratar de aspectos práticos da vida em comum com um homem.
Ou com um marido, que é o homem no cativeiro, portanto ainda mais perigoso.
Por exemplo.
É importantíssimo estabelecer, desde o primeiro minuto de um casamento, os perímetros de poder de cada um.
- Importantíssimo, minha filha. Escute.
- Estou escutando, mamãe.
- Acabou a lua-de-mel. É o primeiro dia do casamento real. Deste momento em diante vocês não são mais apenas duas pessoas apaixonadas. São coabitantes.
- Certo, mamãe.
- Entende? Coabitantes. Vão ocupar o mesmo espaço e o espaço que define a relação entre as pessoas. Não é a cama. A cama é um espaço para tréguas, negociações, troca de prisioneiros, etc. O verdadeiro espaço em que se decide um relacionamento é fora da cama. É tudo que não é cama. Você está me ouvindo?
- Estou, mamãe.
- Muito bem. É o primeiro dia normal de vocês. O primeiro em que vocês passarão mais tempo fora da cama do que na cama. O dia em que começará a se delinear a rotina do seu casamento, as regras implícitas da sua coabitação.
Você precisa deixar claro o seu perímetro de poder, desde o primeiro momento. Como um bicho marcando, com a urina, os limites do seu território.
- Ai, mamãe!
- O assunto é sério, minha filha. O sucesso ou o fracasso de um casamento dependem deste primeiro momento. Estamos falando da possibilidade do convívio humano. Talvez até da sobrevivência da espécie. Preste atenção.
- Estou prestando.
- Primeiro dia normal. Você precisa definir o seu espaço. Cravar a sua bandeira antes que ele crave a dele. O que você faz?
- Ahn... Ocupo todo o armário do banheiro com as minhas coisas.
- Não.
- Exijo uma linha de telefone só pra mim.
- Não.
- O que, então?
- O controle remoto.
- O controle remoto?!
- Da televisão. Apodere-se dele. É o seu alvo prioritário. Sua primeira ação. Sua cabeça de ponte. Quem domina o controle remoto da televisão, domina o casamento.
- Mas se ele quiser...
- Não deixe. Você está me ouvindo? Defenda a sua posse do controle remoto a qualquer custo. Ceda em outras coisas, ofereça compensações. Mas não largue o controle remoto.
- E se eu tiver que sair e...
- Leve o controle remoto. Durma com ele embaixo do travesseiro, ou acorrentado ao seu pulso. Use-o pendurado no pescoço.
- Como é que eu vou andar com um controle remoto de televisão pendurado no pescoço, mamãe?
- Você quer elegância ou um casamento que dê certo? E quem sabe? Você pode lançar uma moda.
- Não sei...
- Minha filha, ouça o que eu digo. Não faça o que eu fiz. Deixei que seu pai assumisse o controle remoto desde o primeiro dia, e ele nunca mais largou. Minha vida tem sido um inferno. Sabe por quê? Porque minha mãe não me avisou. Ela era do tempo em que essas coisas nem eram discutidas. Deus me livre, falar sobre controle remoto com o meu pai. Ele era capaz de me expulsar de casa.
- Pensando bem, o papai não larga mesmo o controle.
- Seu pai não viu mais de cinco segundos de nenhum programa nos últimos dez anos. Até dormindo ele muda de canal, o dedão não pára. Só posso acompanhar minhas novelas em segmentos de cinco segundos, de cinco em cinco minutos. Confundo tudo. Na outra noite, achei que a Jade estava de caso com um macaco do Discovery Channel.
- Acho que você tem razão, mamãe...
- Pegue o controle remoto, minha filha!
Meses depois:
- Minha filha, eu não queria lhe contar isso, mas seu marido foi visto saindo de um motel ontem à noite.
- Eu sei, mamãe.
- Você sabe?!
- Ele vai sempre que tem futebol. Para ver na televisão.
- Ah, bom. E o controle remoto, minha filha?
- Pendurado no pescoço. E sabe que muitas das minhas amigas estão usando também?
Luis Fernando Veríssimo
Mês de junho segundo a tradição brasileira, é mês de festa – festa junina.
Hora de comemorar os dias de santos padroeiros queridos: Santo Antônio – o santo casamenteiro (13/06), São João (24/6) e São Pedro (29/06).
Essas festas tão brasileiras têm na verdade uma origem remota. Antes do nascimento de Jesus Cristo, os povos pagãos do hemisfério norte celebravam o solstício de verão, o dia mais longo e a noite mais curta do ano, que lá acontece em junho e marca o início da estação quente. Nessas festas, a fim de promover a fertilidade da terra e garantir boas colheitas futuras, havia danças e fogueiras (acesas para afugentar os espíritos maus).
Com o avanço do cristianismo, a Igreja preservou e incorporou essas tradições também como forma de conseguir mais popularidade. No século 6, os ritos da festa do dia do solstício de verão, em 21 de junho, passaram para o dia do nascimento de São João Batista, dia 24 de junho. Mais tarde, no século 13, foram incluídas no calendário litúrgico as datas comemorativas de Santo Antônio (dia 13) e São Pedro (dia 29).
Os colonizadores portugueses trouxeram as festividades para o Brasil e aqui elas ganharam um jeitinho bem brasileiro com cores e sabores influenciados pelos índios e negros escravos, responsáveis pelas cozinhas coloniais.
E até hoje reverenciamos os santos juninos comendo e dançando.
Nos estados nordestinos, as festas juninas hoje são tão populares quanto o carnaval. A festa tem grande importância na união das comunidades, para economia local e para preservar a tradição.
Nas festas juninas os homens colocam chapéu de palha, fantasia de caipira e não podem faltar as calças curtas, os remendos, os paletós coloridos, dentes pintados de preto e bigode e/ou barba. Já as mulheres ganham vestidos coloridos de chita, enfeitados com de fitas. Nos cabelos tranças ou maria chiquinhas, chapéus enfeitados de palha. A maquiagem é forte e as maçãs do rosto ganham destaque na maquiagem com o ruge e as pintinhas pretas. Não pode faltar o noivo, a noiva, o padre para quadrilha ficar bem animada.
Brincadeiras não podem faltar e temos pescaria, correio do amor, busca-pé, balão, bombinha.
Dançamos quadrilhas e muito forró. E a noite toda é embalada pelo som da sanfona, cavaquinho, bumbo, triângulos, ferrinhos, flauta, reco-reco e etc.
Nas barraquinhas a comida é bastante típica e vamos provando quitutes de milho, amendoim e mandioca, ingredientes básicos na mesa popular para bolos, tapioca, paçoca, cocadas, pé-de-moleque, milho cozido ou assado na fogueira, batata doce, cachorro quente, pipoca e etc. Tudo acompanhado do vinho quente ou do quentão – bebida típica preparada com cachaça e especiarias.
É assim que a gente gosta de reverenciar nossos queridos santos do mês de junho. Viramos crianças ao pé da fogueira, embaixo do céu de bandeirinhas enfeitadas com balões e lanternas, nas barraquinhas dos quitutes e brincadeiras.
VOAR - LEONARDO BOFF
Passamos uma vida presos,
qual pássaros em suas gaiolas!
Medo de amar,
de olhar a vida de frente...
E naquele pequeno espaço,
cantamos nossas dores e sonhos!
Muitas vezes,
as portas de nossas gaiolas se abrem...
Mas permanecemos ali,
acostumados, encolhidos as nossas vontades e sonhos!
Não tenham dúvidas amigos,
à primeira oportunidade,
devem alçar o vôo das águias,
calmo, confiante, determinado!
Amem sem medo,
brinquem um pouco com a vida!
Não tenham medo dos rochedos e sobre eles,
estendam a suas asas corajosas de águia!
soltem-se ao vento,
e deixem-no, levá-los ao sonho!
Como a águia,
tente enxergar as pequeninas coisas a sua volta
e saber apreciá-las,
dando um sentido novo a sua vida!
Não sejam passarinhos de gaiola,
mas, águias do céu!