BADERNA
É uma longa história. O termo baderna como sinônimo de bagunça surgiu do sobrenome de uma moça italiana. Mais precisamente de Marietta Baderna, nascida em Piacenza, em 1828, filha do médico e músico Antônio Baderna. Conforme o professor Ari Riboldi, especialista em termos e expressões da língua portuguesa, Marietta, ainda adolescente, tornou-se famosa bailarina ( foto acima), com muito sucesso na Itália e países europeus vizinhos, como a Inglaterra. Nesse período, a Itália passou por conflitos internos e ficou dividida, com parte de seu território sob dominação da Áustria. Graças ao sucesso de sua arte, a bailarina teria contribuído com recursos para a causa da unificação de seu país.
Para escapar da perseguição política, em 1849, Marietta e seu pai refugiaram-se no Brasil, fixando residência no Rio de Janeiro, lugar ideal para a família Baderna prosperar. O Brasil vivia o regime imperial. "A bailarina começou a apresentar-se no Teatro Imperial e logo conquistou uma legião de fanáticos fãs, especialmente entre o público mais jovem", conta Riboldi. Talentosa, de espírito rebelde e contestador, a artista ganhou muitos admiradores.
Logo, porém, começou a sofrer a perseguição dos conservadores e moralistas. Para eles, a bailarina italiana representava um perigo ao futuro das novas gerações, um mau exemplo. "Ela vivia com um artista sem estar formalmente casada. Além disso, incorporara em seu repertório clássico músicas e coreografias de origem popular brasileira e africana", explica. Começou a ser rejeitada pelos empresários e suas apresentações ficavam reduzidas em tempo e em segundo plano. Os seus fãs, já conhecidos como baderneiros, protestavam batendo os pés no chão e intrrompendo os espetáculos. Ao término das apresentações, saíam pelas ruas da cidade batendo os pés e gritando o nome da artista.
Prevaleceu a vontade dos conservadores e os bons costumes foram salvaguardados. Marginalizada e para muitos tida como prostituta, não coube a Marietta Baderna outro destino: com o pai voltou para a Itália e sua carreira entrou em decadência. "Dela ficou como legado a ousadia de afrontar as ditas regras sociais e bons costumes e a palavra baderna, registrada como sinônimo de bagunça, confusão, desordem pública", explica o professor.
8 comentários:
Então quer dizer que a Marietta nem era baderneira! Era tão somente Baderna. hehehe
E tu? Já foste e já voltaste? Nem tive tempo de ir!
Pitanguinha querida
Fui no final de semana. Voltei ontem na parte da tarde.
Marietta era ousada e despertava paixões .
Achei muito interessante essa curiosidade.
Beijinhos
Não conhecia a palavra e muito menos a sua origem, querida LUz. Obrigado pela preciosa informação.
Beijinhos
Lucia Luz, minha querida. Onde a menina foi desenterrar tudo isso?
Adorei a postagem da série "Vivendo e Aprendendo". Você é bem precisa nas suas curiosidades, né?
A Marietta é precursora de tudo que é super normal hoje. Muito legal!
Beijo muito carinhoso.
Manoel.
Carlos amigo querido,
Não há o que agradecer.
É gostoso aprender novas palavras não?
Beijinhos baderneiros
Manoel querido
Viu só como a moça era moderninha?
E quem me ajudou na pesquisa foi o "Tio Google".Risos
Eh isso ai, vivendo, aprendendo e surpreendendo.
beijinho carihoso
Sou trineta de Marietta Baderna, seu nome verdadeiro era Franca Anna Maria Matea Baderna, casou com o maestro Gioacchino Giannini, teve 4 filhos Maria , Henriquetta , Francisca Fanny, e Antonio que é o meu bisavô Antonio Baderna Giannini, Marietta morreu no RJ em 03/01/1892. ela deu aula de balé até morrer no RJ
Tenho orgulho de ser sua trineta
Obrigado por falar dela
Paulo,
Fico muito honrada com o comentário da trineta de Franca.
Uma mulher sem dúvida além do seu tempo.
Agradeço a visita e o comentário.
Venha sempre.
Um abraço
Lucia
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